quinta-feira, 1 de julho de 2010

Caderno de Receitas

Para um trabalho do curso, fomos solicitados para realizar uma intervenção urbana em uma vaga de carro próxima a faculdade. Tivemos como inspiração algumas imagens do artista holandês Escher e das interveções com azulejos de papel do Grupo Poro.




















O material utilizado foi:

-Azulejos de papel monocromáticos e alguns coloridos
- Isopor
- Tinta Guache
- Vasinhos de flores
- Uma lixeira de plástico
- Cola branca ou grude

Nossa idéia principal era sugerir uma inverção dos planos, parede por chão e vice-versa, utilizando os azulejos de papel e os outros objetos.


Encontramos uma vaga de carro em que havia uma espécie de "casa" onde os garis guardam seus instrumentos de trabalho rente à calçada. Colamos os azulejos de papel na "casa" e no chão da vaga, intercalando vários padrões de azulejos. Para dar a idéia de inversão, contruimos com isopor e tinta uma mini-escada e peças de xadrez, que foram colocados na "parede". Além disso, afixamos a lixeira sobre os azulejos na "parede" e as plantas nos degraus da escada.















As reações dos transeuntes foram variadas. Alguns olharam com espanto, outros acharam subversivo e houveram ainda os que se entusiasmaram e interagiram com a intervenção. Para nossa surpresa, um de nossos colegas interpretou o trabalho de uma outra forma. Em vez de uma inversão dos planos, ele enxergou uma continuidade entre eles, como se a parede fizesse parte do chão.

Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo

Situado em Viena, o Karl Marx Hof é um prédio residencial com mais de um quilômetro de comprimento. Só pelo seu comprimento existem quatro pontos de ônibus.

Em 1930, quando foi inaugurado, o Karl Marx Hof não se distinguia apenas pelo enorme comprimento e nem pelo seu forte contraste visual em razão da altura e do tom de vermelho intenso. O que realmente caracterizava o edifício é que ele era o símbolo da política socialista da época e da arquitetura a seu serviço. Foi construído em uma zona nobre da cidade com mais de 1300 apartamentos oferecidos aos trabalhadores, com instalações sanitárias, água canalizada e varandas. Era considerado um luxo a que nenhum operário da época tinha acesso.

Hof é o nome que se dá aos edifícios de habitação social que foram construídos pelo governo socialista austríaco durante os anos 20. Assemelhavam-se a imensos quarteirões, porém a parte interna aos prédios era composta por espaços livres comunitários, geralmente preenchidos por alguns jardins. Dentre os equipamentos sociais do local era possível distinguir escolas, espaços de recreação, lavanderias, serviços médicos, estabelecimentos comerciais e instalações sanitárias. Aos poucos essa tipologia foi ganhando popularidade e deixou influências no urbanismo moderno.

Com o passar do tempo e com o fim do socialismo europeu, o enorme edifício viu sua decadência, passando a ter problemas sociais e em sua estrutura. A idéia de sentimento comunitário e bom relacionamento entre os habitantes foi se perdendo, os apartamentos se tornaram obsoletos e tiveram suas infra-estruturas degradadas. Assim, o Karl Marx Hof tornou-se um gueto.

Nos anos 90 um plano de intervenção foi feito para o local. Incluía obras como reparação da estrutura, substituição de pavimentos, janelas e outros elementos, para que o edifício pudesse se ajustar aos padrões de vida atuais. Atualmente as habitações restauradas são comumente ocupadas por jovens que não tem poder aquisitivo para morar em locais mais caros da cidade. Eventualmente ocorrem tentativas de organizar atividades coletivas nos espaços abertos e pouco a pouco o espírito comunitário vem sendo resgatado ao Karl Marx Hof.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Inhotim

No dia 30 de maio fizemos uma visita ao Inhotim. O local é a junção do maior Centro de Arte Contemporânea ao ar livre da América Latina com um Jardim Botânico que conta com milhares de espécies. O resultado é um local extremamente aprazível onde arte e natureza convivem quase que mutuamente.


A obra de arte seria a mesma sem a vegetação, sem o contexto em que ela se insere? Certamente não. Essa é a sensação que temos ao descobrir cada obra por entre os jardins de Inhotim.


A própria artista plástica Rivane Neuenschwander, em uma entrevista, disse sobre como a sua obra Continente-nuvem está integrada à pequena casa antiga em que foi abrigada e como a ambientação do entorno também foi pensada. A vegetação em volta da casa claramente destoa do conjunto dos jardins de Inhotim, pois tem a intenção de recriar o ambiente das casas rurais do fim do século XIX, com roseiras e árvores frutíferas. Já dentro da casa nos deparamos com um imenso vazio. O que ocorre realmente é um movimento discreto de bolinhas de isopor, feito por ventiladores ocultos sobre o teto translúcido, tão sutil quanto o vazio e a própria casa por fora, que admito inicialmente não ter imaginado que lá houvesse alguma obra.


É incrível como a arte se revela por entre as diversas espécies e nos provoca uma sensação de surpresa, uma expectativa por o que pode se encontrar por trás das próximas árvores ou em uma clareira da vegetação nativa. Obviamente as obras dentro das galerias também têm um grande mérito e estão lá por motivos de conservação, climatização adequada ou pelo próprio funcionamento. Mas o que realmente me chamou atenção foi a relação das obras externas com o paisagismo, o que me faz ousar dizer que de certa forma a vegetação não só compõe como completa o acervo artístico.


Visitar Inhotim foi sem dúvida um passeio muito válido. Além de ser um belo lugar pra se conhecer é uma ótima forma de entrar em contato com a arte contemporânea de uma maneira mais descontraída e acessível.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pulmão gigante no Parque das Bicicletas

Entre os dias 30 de abril e 2 de maio, um pulmão gigante foi a grande atração do Parque das Bicicletas, em Moema, na Zona Sul de São Paulo. A estrutura inflável de 190m² foi instalada em uma área de cerca de 300m² e reproduziu minuciosamente o pulmão humano permitindo que o público entrasse pela traquéia e conhecesse todas as características do órgão e seus principais problemas. O parque foi escolhido pois é visitado diariamente por vários atletas e ciclistas e o pulmão gigante pretende associar atividade física, saúde respitatória e qualidade de vida.


Os principais objetivos são informar e alertar a população sobre as principais doenças respiratórias, as formas de prevenção e a importância do diagnóstico precoce.

O inflável é dividido em sete compartimentos interligados entre si e produzidos em material translúcido, com ventilação natural, com texturas que simbolizam as doenças do pulmão. Além disso, haverão também textos explicativos e vídeos abordando as doenças mais comuns. Os visitantes vão poder caminhar pelo órgão inflável, e conhecer as sete salas, cada uma com um tema: Tuberculose, Asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), Doença Intersticial, Câncer, Pneumonia e Tabagismo.


Uma parceria entre a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) foi responsável pela iniciativa. Quem apoiou também a realização foi o Secretário Municipal de Esportes, Dr. Walter Feldman, que disponibilizou o Parque das Bicicletas para a exposição educativa. A exposição fez parte da celebração do Ano do Pulmão, que vem sendo comemorado em 2010 por sociedades médicas de diversas partes do mundo.


“Queremos oferecer à população informações sobre as características de todos estes males que atingem a saúde respiratória, abordando os principais fatores de risco, prevenção, detecção e a importância do início precoce do tratamento, qualquer que seja a patologia, de maneira lúdica, de modo a chamar a atenção e conscientizar desde as crianças até os mais experientes”, afirmou a Drª. Jussara Fiterman, presidente da SBPT.


Estima-se que aproximadamente 20 mil pessoas visitaram o Pulmão Gigante durante sua passagem pela capital paulista.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Possível demolição do Minhocão

Recentemente o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou um projeto de demolição para o elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão. O elevado foi inaugurado em 1971 na gestão de Paulo Maluf e desde então tornou-se um enorme problema urbano e social na região central de São Paulo. A região se tornou ponto de prostituição, mendicância e uso de drogas, além da incauculável poluição visual e sonora que prejudica moradores do local. O elevado possui inclusive horários determinados para o funcionamento pois em alguns pontos a distância deste aos apartamentos é de apenas 5 metros.


Inúmeros epecialistas são a favor da demolição. "A intenção é, de certa forma, incentivar o mercado imobiliário a fazer um investimento na região e, com essa valorização, promover a demolição do elevado. A região do elevado merece um projeto independente de uma proposta tão ampla, a demolição do Minhocão deveria ser imediata" afirmou Flamínio Fichmann. Ele também disse que um túnel seria uma alternativa mais inteligente e que é possível direcionar o fluxo de trânsito para vias alternativas, visto que o agravamento do trânsito que eventualmente seria causado pela domolição do elevado é uma preocupação do projeto. "A cidade mais perde do que ganha com o elevado Costa e Silva. É um absurdo uma cidade privilegiar vias elevadas, que abrigam mendigos embaixo, hoje já existem outras técnicas alternativas e baratas. O elevado se tornou uma cicatriz para São Paulo", afirmou.

Um projeto desse porte obviamente demanda tempo tanto para a demolição quanto para adequação. Assim o mercado aposta que se houver viablização do projeto, a demolição ocorreria no mínimo em 2025. Isso se torna motivo de descrença para a população e profissionais ligados ao projeto, pois mudanças políticas podem prejudicar o andamento do projeto.

Elevado em uma cena do filme "Ensaio Sobre a Cegueira"

No link a seguir há uma entrevista interessante com o cineasta Fernando Meirelles, também arquiteto e urbanista, que apóia o projeto de demolição.

http://migre.me/N7qI

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Archigram - Walking City

Walking City foi um projeto do Archigram de 1963, que propunha criar uma infraestrutura de cidade nômade. Era composto por enormes edifícios itinerantes 400m de comprimento por 220m de altura que poderiam caminhar até mesmo em desertos e oceanos. Dentro destas estruturas haveriam todos os equipamentos necessários para o funcionamento de uma cidade comum: habitações, escritórios, setores comerciais, serviços públicos e privados. Através de "braços" haveria comunicação dos prédios da Walking City entre eles mesmos e as cidades terrestres.


O Walking City antecipou o estilo de vida acelerado urbana de uma sociedade tecnologicamente avançada em que não é preciso estar a um local permanente. Por meio de sua existência nômade, culturas diferentes e as informações seriam compartilhadas, criando um mercado global de informação.


O projeto foi amplamente criticado e foi até mesmo comparado com monstros e tanques de guerra. Foi considerado não apenas como uma “distopia tecnológica”, mas um ataque à humanidade. Alguns afirmaram que o projeto seria inumano, "privilegiando a construção ao espaço, o contentor ao conteúdo, a carcaça ao homem".


quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uso de Ruas

Não é à toa que a Holanda é considerada o país das bicicletas. É comum ver pessoas de todas as idades utilizando bicicletas diariamente. Nas ruas, o trânsito está todo adaptado ao tráfego das bicicletas com inúmeras ciclovias e até mesmo semáforos especiais. Para se ter uma idéia, na Estação Central de Amsterdam o estacionamento para esse tipo de transporte comporta nada mais nada menos que 8 mil bicicletas.
Tendo em vista o enorme uso das bicicletas, os holandeses criaram um estacionamento protegido para elas, na rua. Isso mesmo! Dentro de um espaço suficiente para estacionar um carro, essa engenhoca abriga cerca de 10 bicicletas.
Além do aspecto sustentável da instalação, pela própria economia de enegia de uma bicicleta comparada a um carro (frequentemente com apenas uma pessoa dentro), é possível refletir também acerca da economia de espaço que isso representa.
Infelizmente o uso de bicicletas não é muito difundido no Brasil, porém, diante do trânsito caótico que diariamente nos afeta, não seria essa uma sugestão sutil de alternativas para o uso dos automóveis?

terça-feira, 25 de maio de 2010

Proposta para o Ribeirão Arrudas - Parte II

Após um mês de trabalho em Photoshop na intervenção para o Arrudas, chegamos a seis imagens que demonstram o que poderia ser um aumento nos acessos para a pista de caminhada rente à linha de metrô e também outras intervenções que serviriam para atrair mais pessoas para o local. As medidas incluem criação de espaços infantis, de convivência, ornamentação, ampliação comercial, entre outras.


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Revista Manuelzão - N° 56

O primeiro artigo de Ladislau Dowbor fala sobre o agravamento das enchentes em São Paulo. O problema não está no aumento de chuvas e sim na maneira como a urbanização da cidade vem sendo conduzida. Alargamento de vias, loteamentos e a canalização de córregos contribuem para impermeabilizar o solo e aumentar o fluxo da água.
“Quem dá nome aos bois” conta como o nome dos lugares diz muito sobre a história da região. A exemplo o rio São Francisco, que recebeu o nome quando Américo Vespúcio chegou à foz do rio em 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis. Quanto ao nome dado pelos indígenas, Opará significa rio-mar e mostra como a nomenclatura indígena tinha relação direta com a natureza.
A elaboração de um plano diretor integrado para as cidades da região metropolitana de Belo Horizonte está sendo prevista para até o final de 2010. Como na região metropolitana as cidades não terminam mais, mas sim acabam se fundindo umas nas outras, é importante que haja uma legislação coerente que considere a administração da região metropolitana de uma forma conjunta. Um dos pontos importantes do plano diretor é o desenvolvimento de novas centralidades.
“Sem sair de casa” propõe formas de reduzir os impactos no meio ambiente que podem ser feitas dentro de casa. Entre elas são citadas o aproveitamento de quintal para hortas e jardins, aproveitamento de todo o alimento, coleta seletiva de lixo, reaproveitamento da água da chuva e do chuveiro, produção caseira de sabão e a produção de adubo pelo método de compostagem.
O tópico seguinte mostra que a Meta 2010 obteve avanços mais ainda falta muito para se completar. Os objetivos são tornar o Rio das Velhas navegável, próprio para a pesca, e por último, possibilitar a sua balneabilidade. Um dos indicadores da melhora das condições é o aparecimento do dourado em lugares do rio onde já não se via mais. A navegabilidade, primeira meta, necessita de um detalhado estudo batimétrico previsto para terminar ainda esse ano. Para possibilitar a pesca a qualidade das águas precisa ser melhorada e para isso ao calculados o Índice de Qualidade da Água (IQA) e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) que indica a contaminação por matéria orgânica. Outras medidas importantes são a coleta de esgoto e tratamento da água.
“Siga o mestre” mostra como é útil trabalhar com educação ambiental para a criação de consciência ecológica nas crianças. Na matéria são mostrados três projetos que foram executados em três diferentes escolas em Minas Gerais. Os projetos são “Jovens Ambientalistas”, “Crescer Amando Ser” e “Da Serra ao Mar”. Estes projetos trabalharam principalmente com o ambiente em que os alunos vivem.
O enquadramento do Rio das Velhas é discutido na parte seguinte. O primeiro passo foi a elaboração do plano diretor para a bacia do rio em 2004. As melhorias no período até 2010 seriam de passar o Rio das Velhas da classe 3, inapropriado para nado e pesca, para classe 2.
Em entrevista com o economista Sérgio Besserman, que participou da 15ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP-15), ele fala sobre questões ambientais discutidas na Conferência, assim como o não cumprimento do Protocolo de Kyoto por vários países e qual foi o papel do Brasil teve na COP-15.
Em “Como a abelha faz o mel”, Walandir Ferreira Filho, que trabalha na prefeitura de Lassance, na área de cultura e patrimônio, apresenta formas de pensar na preservação da cidade. Trabalha com projetos relacionados ao turismo, mapeamento das nascentes da região. Em uma parte do artigo cita: “Eu tenho uma vontade de fazer as pessoas conhecerem e preservar”.

Revista Manuelzão - N° 55

O primeiro ponto discutido nesse número, “A degola do Rio das Velhas”, mostra a proposta de construção de uma barragem na principal calha do Rio das Velhas. A intenção é melhorar a vazão do Rio São Francisco e como conseqüência possibilitar a realização da sua transposição. Porém, o aumento da vazão não significa necessariamente melhorar a qualidade das águas do rio. Uma forma mais inteligente seria recuperar o rio não permitindo que nele cheguem efluentes industriais, esgotos e produtos químicos da agropecuária. Quanto ao volume de água, seria melhor recuperar as nascentes e investir na reposição de matas ciliares e criar bacias de decantação para acabar com o assoreamento.
A segunda parte trata da logística reversa. Esta consiste em operações de reaproveitamento de produtos e materiais. Um exemplo é o reaproveitamento de garrafas de refrigerante que reduz muito a quantidade de lixo produzida. A logística reversa também é adotada no recolhimento de produtos que são nocivos ao ambiente devido à demora de sua decomposição ou por liberar agentes nocivos, como baterias, pneus e embalagens de agrotóxicos. Essa medida é tão importante que possui até mesmo uma legislação específica. As embalagens de agrotóxicos são um bom exemplo de eficácia da logística inversa, pois 95% delas são retornadas. Apesar disso, pilhas e baterias ainda tem uma arrecadação tímida e necessitam de mais políticas de incentivo.
“É hora de apertar a torneira” trata da importância da vazão ecológica. A vazão mínima de um rio é a que garante a sobrevivência deste, enquanto a vazão ecológica é a quantidade de água necessária para a sobrevivência não só do rio, mas também do seu ecossistema. Esses conceitos de vazão são extremamente importantes para a gestão do rio São Francisco. É importante estipular as vazões do rio pois este é utilizado de diversas formas como irrigação, abastecimento humano, mineração, indústria, navegação e principalmente a produção de energia elétrica. Com isso é importante também estipular a chamada vazão alocável, que é a quantidade máxima de água que pode ser retirada do rio sem ultrapassar a vazão mínima ou ecológica. O São Francisco enfrenta um problema quanto a isso devido as hidrelétricas que controlam a vazão por meio das comportas. Outro problema é que não há água suficiente para respeitar a vazão ecológica garantindo os usos atuais e ainda realizar a transposição.
O tópico seguinte discute a importância da saúde ambiental para a saúde pública. Fatores como saneamento e destinação de resíduos são essenciais para reduzir doenças como diarréia, dengue e esquistossomose na população. Há também a questão da poluição, muito evidente nas grandes cidades, que é responsável por vários problemas de ordem respiratória nas pessoas. O Ministério das Cidades é responsável pelas políticas públicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes, porém nas cidades menores, a questão da saúde ambiental se torna mais complicada por estes locais possuírem pouco acesso ao dinheiro e informação. É interessante ressaltar também a diferença do tratamento da questão ambiental entre as cidades maiores e as cidades pequenas. Não se trata da mesma forma as regiões de lavoura e as de ocupação industrial.

Uma entrevista com Robert Hughes, pesquisador norte-americano salienta a importância da utilização do Índice de Integridade Biótica (IBI) para a preservação dos ambientes aquáticos do Brasil. Este índice é utilizado para estabelecer o quanto um ambiente aquático está sendo prejudicado pela ação do homem. Hughes aponta que para essa medida se tornar eficiente no Brasil, é necessário reunir informações a respeito dos ecossistemas e características dos ambientes para criar metodologias a serem usadas em âmbito nacional. Ele exemplifica que após a criação desse índice, vários locais nos EUA tiveram uma boa recuperação e hoje já é possível nadar e pescar nesses locais.

Uma iniciativa interessante é mostrada no tópico “Projeções do rio”. Um projeto chamado Cinema no Rio tinha o objetivo de passar por várias cidades à beira do São Francisco exibindo filmes. Estruturas eram montadas em praça pública e lá eram projetados filmes que tratavam da região e causavam grande interesse na população local, não só pelo fato de mostrar as cidades de forma acessível, mas também por ser uma atração não usual em regiões pobres. O projeto pôde ser realizado após aprovação da lei de incentivo a cultura e causou grande impacto por onde passou. A equipe do Cinema no Rio também foi responsável por incentivar a criação de cineclubes nos lugares por onde passou.

A parte seguinte mostra a realidade de três pessoas diante do problema de trânsito de Belo Horizonte. Diana relata a realidade de quem usa o carro e enfrenta trânsito diariamente mas não tem saída, pois utilizar o transporte público deficiente de Belo Horizonte torna-se desconfortável. André conta das dificuldades de quem se locomove através de bicicletas devido à falta de ciclovias. Já Luanda mostra a sua experiência diária de horas dentro de um ônibus para chegar à universidade. São discutidas então questões como melhoria do transporte público, a criação de vias que interliguem melhores as regiões da cidade sem que passem pelo centro e a “lenda urbana” que está se tornando a implementação de um sistema eficiente de metrô em Belo Horizonte.

O desvio dos esgotos do Arrudas, o by pass, não é exatamente responsável pela mortandade dos peixes no ecossistema Velhas. O by pass é utilizado apenas em épocas de chuva intensa, pois nessas épocas as ETEs não conseguem tratar todo o volume de água. O grande problema da mortandade é causado pela poluição difusa, que é quando as enxuradas carregam a poluição das ruas para o rio.

“Rede é gol” mostra como a parceria entre setor público, setor privado e sociedade civil podem contribuir para atingir interesses comuns em relação à revitalização do Rio das Velhas. No setor público, o Projeto incentiva mobilização, educação e pesquisa. Enquanto isso, o Manuelzão atua situando os principais problemas relacionados ao descumprimento da legislação. Para o setor privado propõe-se a criação de parcerias entre empresas para a discussão do resultado dos danos ambientais que podem ser causado por estas. Na sociedade civil, Francisco Vidal comenta que estabelecer redes e associações é fundamental para a criação de compromissos para promover mudanças.

Os causos do mestre Nelson Jacó são contados na última parte da revista. Nelson Jacó foi uma figura que marcou as tradições da cultura mineira e foi vencedor do prêmio Talentos da Maturidade, promovido pelo Banco Real, ao enviar seu conto “Histórias do macaco e o cavalo”.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Museu de Planejamento Urbano de Tianjin

Após a abertura comercial para o ocidente, a China concentra grande parte dos projetos inovadores da arquitetura contemporânea mundial. Com isso constantemente abrem-se concursos de arquitetura para a construção de grandes obras, assim como ocorreu na época de realização dos jogos olímpicos de 2008 em Pequim.

Recentemente um projeto da empresa holandesa Architekten Cie venceu o concurso para a construção do Museu de Planejamento Urbano de Tianjin.


O edifício ocupa uma área de 29000m² que contam com escritórios, estacionamentos, centro de conferências, galerias e oficinas de pintura. Produzido em parceria com a empresa UNIT Architects de Xangai, possui estrutura e forma que combinam materiais e processos construtivos tradicionais da China com alta tecnologia. O resultado do processo é uma arquitetura verdadeiramente sustentável.

A imagem que o edifício tem é semelhante a uma sobreposição de blocos de mah-jong, um tradicional jogo de mesa chinês. Uma característica importante da edificação é também a existência de numerosos espaços livres por motivos de acessibilidade, iluminação natural e ventilação. As paredes e o teto são revestidos com materiais naturais e há presença constante de vegetação e painéis com pinturas e elementos decorativos que remetem a arquitetura tradicional chinesa.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Proposta para o Ribeirão Arrudas

No último dia 27 tivemos a oportunidade de ver mais de perto uma região do Ribeirão Arrudas. Caminhamos desde a Estação Santa Tereza até a Estação Central e com isso foi possível observar a maneira como o rio compõe a paisagem urbana. Porém o Arrudas não é visível em todo o percurso caminhado. A partir de um certo ponto, mais precisamente atrás do Parque Municipal, o rio passa a ser coberto até as proximidades do viaduto que dá acesso à Avenida Cristiano Machado. Esse projeto recente, o Boulevard Arrudas, tem o objetivo de alargar as pistas em favor do tráfego de veículos para a Linha Verde, um projeto do Governo que pretende facilitar o acesso ao Aeroporto Internacional de Confins.

No início do trajeto conhecemos uma pista de caminhada localizada na Avenida dos Andradas que se estende até aproximadamente a Avenida do Contorno. A pista é ampla, não há trânsito de veículos e possui uma parte reservada aos ciclistas e outra aos que preferem caminhar. Este tipo de espaço destinado ao uso da população é algo cada vez menos presente na configuração atual de várias metrópoles. Portanto é preciso haver uma maior apropriação coletiva desse espaço para que haja melhorias e a consequente manutenção do local que apesar da sua subutilização, descuido das autoridades e degradação por pichações, continua sendo útil à população próxima.

Algumas medidas simples seriam capazes de alterar a dinâmica do local aumentando a sua utilização. A arborização das laterais ao longo da pista é uma maneira eficaz de tornar a pista mais aconhegante a quem utiliza. Além do aspecto estético causado pelo verde, as árvores promovem uma redução do ruído dos veículos que passam do outro lado. A sombra criada pelas árvores também pode tornar a temperatura mais agradável reduzindo o calor que reflete do asfalto. Já existe um projeto na prefeitura de Belo Horizonte chamado "Uma Vida, Uma Árvore", que propõe o plantio de uma árvore em alguma área verde da cidade para cada criança nascida e registrada em cartório. Uma alternativa seria direcionar este projeto por um determinado espaço de tempo para esta área do entorno do Arrudas.

A ampliação das formas de acesso à pista é uma forma de aumentar o uso dela. Existem algumas passarelas para a Avenida dos Andradas, porém estão muito distantes e a sinalização da avenida não favorece o fluxo de pessoas até a pista. Ampliando a tímida passarela próxima do Shopping Boulevard a pista se tornaria mais acessível para os freqüentadores do Shopping. Mais a frente, perto da Câmara Municipal existe uma passarela do Bairro Santa Tereza para a pista. Construindo uma ponte sobre o Arrudas nessa região haveria maior comunicação com o bairro Santa Efigênia. A pista de caminhada se localiza do mesmo lado da avenida que a estação de metrô e para acessá-la é preciso atravessar sobre a passarela da estação para o outro lado da avenida e depois caminhar até o sinal para ter acesso à pista. Uma intervenção seria melhorar esse acesso construindo uma saída na passarela do metrô diretamente para a pista.




Além da ampliação dos acessos é interessante também criar nestes e em vários pontos ao longo da pista, atrativos como quiosques, um espaço para convívio e uma área para comércios como bancas e lanchonetes, que são úteis a quem usa a pista e podem servir para atrair mais pessoas ao local. Um projeto de iluminação seria útil para oferecer mais segurança e conforto para quem usa o local à noite. Na região existem diversos mosaicos feitos com azulejos usados em bancos e demarcações de quilometragem. Aumentar a presença desses mosaicos seria um interessante apelo visual por contrastar com a paisagem da linha de metrô ao lado.



Estas são ações relativamente simples mas que contribuem muito para direcionar usos ao local, possibilitando que a população valorize-o. Além disso, pode servir como um incentivo para o poder público criar este tipo de espaço em outras áreas da cidade.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Caiaques no Rio Pinheiros

Durante o mês de outubro de 2006 o artista plástico Eduardo Srur realizou uma intervenção urbana curiosa no Rio Pinheiros. 100 caiaques coloridos com 150 manequins presos por cordas foram colocados em um trecho de 3km do rio escuro e poluído e puderam ser visto diariamente por cerca de 300 mil pessoas.


A intenção do artista foi relembrar como até a década de 40 o rio Pinheiros era plenamente usado por pessoas de carne e osso, que podiam remar e nadar sem a poluição que hoje assola as suas águas. Juntamente com isso, a obra serviu também como denúncia para o descaso com a questão ambiental dos rios urbanos e um apelo a uma tentativa de despoluição das águas e recuperação das margens do rio.


As imagens mais impactantes da intervenção provavelmente são as que mostram os caiaques literalmente sendo carregados pela sujeira do rio. O que poderia ser considerado um acidente que estragou a obra, serviu ainda mais para enfatizar e contextualizar a proposta feita pelo artista.


A obra de Eduardo Srur em grande parte procura retratar a degradação ambiental nas cidades e há também uma outra intervenção realizada em 2008, que vale a penas ser conferida. A exposição "Quase Líquidos" em que 20 garrafas PET gigantes foram inseradas nas margens do Rio Tietê.
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/2008/03/25/ult4326u770.jhtm

sexta-feira, 26 de março de 2010

Belo Horizonte por um autor-arquiteto

A origem da cidade


A discussão a respeito da transferência da capital mineira data dos fins do século XIX. O objetivo era promover o progresso de Minas Gerais sob a ótica do novo cenário republicano. Ouro Preto, até então a sede do Governo do estado, não oferecia condições adequadas para o crescimento econômico esperado. O relevo da cidade não favorecia o crescimento de redes de comunicação e transportes, assim como a construção de estruturas sanitárias para comportar um aumento da população. Foi então em 1893, que o Governo Estadual decretou que a nova capital seria fixada em Belo Horizonte.



Projeto e zoneamento


Uma equipe de engenheiros e arquitetos, liderados por Aarão Reis, foi responsável pelo planejamento da cidade. O projeto inicial compreendia um traçado composto por ruas perpendiculares, que eram cortadas por avenidas mais largas na diagonal. Esse traçado formava a região urbana da cidade, que continha uma estrutura completa de transportes, saneamento, habitação, educação e assistência médica. Ultrapassando o limite que circundava o projeto, - a Avenida do Contorno - passaria a se formar posteriormente a área suburbana que não possuía um planejamento regular como o perímetro envolvido pelo contorno. Distanciando-se dessa área, a zona rural seria formada por colônias agrícolas destinadas ao abastecimento da cidade.




A segregação


Porém, para a implantação do projeto, seria necessário retirar a população local, o que gerou uma imensa exclusão social. Acreditava-se que os problemas seriam evitados ao retirar os operários do local, elitizando a zona urbana da cidade, porém o que ocorreu foi exatamente o fenômeno inverso. Após remover a população local, ofereceram-lhes imóveis a preços altos, fazendo com que refugiassem na periferia. A cidade claramente se desenvolveu “de fora para dentro”, da zona suburbana para a urbana, ao contrário do previsto. O projeto que visava construir uma cidade que crescesse de forma homogênea acabou por gerar logo de início uma heterotopia visível nas periferias e no precoce surgimento de favelas.





Desenvolvimento: crescimento populacional e verticalização


Com o passar das décadas, Belo Horizonte foi se tornando uma cidade atrativa. O impulso industrial da década de 20 contribuiu para o crescimento de novos bairros e grandes obras. Porém, foi apenas na década de 30 que a cidade ganhou representatividade como capital no cenário nacional. A partir desse momento a cidade dobrava a sua população a cada década e na década de 50, já com cerca de 700 mil habitantes, o então prefeito Américo René Gianetti viu a necessidade da criação de um plano diretor. Já na década de 60 os arranha-céus tomam conta da paisagem urbana, a conurbação com as cidades vizinhas se amplia e Belo Horizonte se consolida como uma metrópole e atinge a marca de 1 milhão de habitantes.A cidade se expandiu muito além do esperado. Estimava-se que a população atingisse os 100 mil habitantes quando a cidade fizesse 100 anos. Porém, no ano do centenário, Belo Horizonte já contava com mais de 2 milhões de habitantes. Hoje, com 112 anos a cidade beira os 2,5 milhões.




Múltiplas cidades em uma

Sem que houvesse um planejamento adequado para todo esse crescimento, hoje a cidade se divide em nove regiões bem definidas. É possível perceber em algumas delas o fenômeno da multicentralidade. Regiões como a do Barreiro, Cidade Nova e Venda Nova, possuem hoje estruturas comerciais, de serviços e transportes muito bem desenvolvidas. São regiões que apesar de fazerem parte do território belo horizontino, já possuem vida própria e são de certa forma independentes do hiper-centro da cidade, localizado na região Centro-Sul.




Referências bibliográficas:


http://www.vmcinebrasil.com.br/cine/decada30.php

http://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_horizonte

http://www.belohorizonte.mg.gov.br/por/a_passeio.php?roteiro=pampulha

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pampulha

http://www.vmcinebrasil.com.br/cine/decada30.php

http://www.idasbrasil.com.br/idasbrasil/cidades/BeloHorizonte/port/arquitetura.asp